Willy Baccaglini, Frederico Timoteo, Matheus Prado Nascimento, Suelen Martins, Danielle Amaro, Monique Deprá, Jose Carlos Malafaia, Patricia Santi, Fernando Korkes, Sidney Glina
Faculdade de Medicina do ABC - Sao Paulo - Brasil
INTRODUÇÃO: O tratamento curativo para o câncer de bexiga músculo-invasivo (CaB-MI) é a cistectomia radical (CR) (1). A quimioterapia neoadjuvante (QT-neo) tem benefício em ganho de sobrevida (2). Para isto é necessária integração multidisciplinar. O objetivo do estudo foi avaliar os resultados da implementação do programa de centralização do tratamento do câncer de bexiga na região do ABC paulista (Projeto CABEM), integração multidisciplinar.
MÉTODOS revisão de prontuário de pacientes com CaB-MI. Os dados coletados foram idade, sexo, protocolo de QT-neo utilizado, toxicidade e tempo entre o término da QT-neo e a cirurgia.
RESULTADOS: foram realizadas 25 CR, sendo que 16 pacientes realizaram QT-neo. 68% eram do sexo masculino e idade média de 62,6 anos. Os protocolos de QT-neo foram cisplatina e gencitabina (CG) em 53,8%, carboplatina e gencitabina (CaG) em 30,8% e Metotrexate-Vincristina-Adrianamicina-Cisplatina (MVAC) 15,4. Em 30,8% com resposta patológica completa (ypT0), tratados com CG. Doença residual em 1 dos submetido a CG, 3 dos tratados a CaG e 2 com MVAC . Neutropenia grau 3-4 em 4 pacientes (nenhum febril). Náuseas e vômitos ocorreram em 1 paciente sob MVAC. Três pacientes realizaram a CR em até 4 semanas após término da QT-neo, 4 pacientes entre 4-6 semanas, 3 pacientes entre 6-8 semanas e 3 pacientes após 8 semanas.
DISCUSSÃO: Uma meta-análise de 11 ensaios clínicos randomizados mostrou um ganho de 5% na sobrevida global em 5 anos em pacientes que receberam QT-neo (3). Pacientes cN+ apresentaram 25% resposta ypN0 após CR (4). Nossos pacientes apresentaram boa taxa de resposta a QT-neo. H. von der Maase et al. mostrou que pacientes submetidos a CG apresentaram mais anemia graus 3-4 do que com MVAC (27% x 18%, respectivamente) e plaquetopenia (57% x 21%). Porém, neutropenia grau 3-4 foi menor no grupo da CG x MVAC (29,9% x 41,2%) (5). Nossos resultados são semelhantes. A maioria deles foram submetidos a CR entre 4-8 semanas do término da QT-neo, com 30,8% deles antes de 6 semanas,tempo oncologico aceitável (6). Na implementação de nosso programa, tivemos uma taxa de pacientes submetidos a QT-neo acima do reportado na literatura dentre pacientes submetidos a CR (52% x 30-40%, respectivamente) (2). Alguns destes pacientes foram submetidos a CaG no início do programa, o que já não tem mais ocorrido recentemente. Nossa experiencia tem demonstrado que a realização de QT-neo no cenário do SUS é possível e benéfica aos pacientes.
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